segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE CRUZETA
TEM NOVA MARCA


A METÁFORA DA PIPA

“Precisamos lembrar que não somos os únicos que estamos diante de um problema quase insolúvel. Mas, da mesma maneira que uma pipa só consegue levantar vôo quando é colocada contra o vento, mesmo o pior de nossos problemas serve para nos elevar a um degrau mais alto. Não podemos esquecer nunca que outras pessoas já atravessaram momentos iguais a este; se elas conseguiram, nós também vamos conseguir”.                                         Paulo Coelho.

               Quem já empinou pipa sabe que o segredo para o sucesso da brincadeira está em aproveitar a força e a direção do vento para fazê-la subir e, depois, quando já empinada, saber tencionar a linha, pois, quando muito esticada, rompe-se, fazendo com que a pipa se perca pelos ares, ou, ao contrário, quando muito frouxa, leva a pipa a rodopiar nas alturas e cair.
       Temos o conhecimento de que as crianças e os jovens, objetivando a autonomia adulta, vez por outra não apresentam as ferramentas que lhe permitam um posicionamento autônomo. Afinal, a existência humana é um tempo de construção de autonomia, e não uma época de comportamento autônomo.
    Por esse motivo, recorro à representação da pipa. Ao "dar linha", lançamos nossas crianças e os nossos adolescentes para as escolhas que já são capazes de fazer. Não podemos cerceá-los, pois corremos o risco de formar adultos irresponsáveis.
       Todavia, não podemos confundir autonomia com irresponsabilidade. Os novos jovens precisam ser responsabilizados pelas suas ações. Se ser autônomo é "ser dono do próprio nariz", também significa saber cuidar dele, ser responsável por ele. O saber cuidar só se consolida quando ocorre um exercício de responsabilidade pelas escolhas realizadas e pelas consequências que delas possam advir.
           Por outro lado, as escolas e os pais não podem se esquecer de que, se tensão demais arrebenta a linha da pipa, tensão de menos faz com que ela perca a estabilidade e o sentido. Deixar o adolescente solto, sem limite ou orientação, é uma omissão do papel educativo que deve ser exercido por todos. Há momentos em que, pressionados pela mídia e pelos pares, os adolescentes sentem-se oprimidos e incapazes de reações de enfrentamento a determinadas pressões. É hora de puxar e enrolar a linha para reconduzir a uma postura de equilíbrio educacional.
              Instituições escolares, professores, pais e mães comprometidos com a educação dos nossos estudantes não devem ter medo de dizer não. Não podemos esquecer que não somos "coleguinhas" e que, mesmo correndo o risco de sermos tachados de retrógrados, antipáticos e etc..., temos a responsabilidade de impor alguns limites e de ensiná-los a ler e escrever.
            A nossa tarefa não é fácil..."puxar e soltar" o filho, como possivelmente fizemos com a pipa quando éramos crianças, exige muita paciência e sabedoria. Mas, basta lembrar-se do prazer que sentíamos ao ver a pipa lá no alto, voando em toda sua plenitude para saber que vale a pena o esforço.
Francisca Paris- pedagoga.